1 de mar. de 2011

Sobre um Romance

Recentemente vi uma comunidade no orkut que dizia ‘Viver é escrever sem borracha’. Não sei a origem dessa frase, mas concordo com a premissa. Pagamos e recebemos por tudo o que fazemos ou deixamos de fazer em nossas vidas, e o mais assustador: não dá para apagar! E para viver um romance, a premissa é similar. Não dá para voltar atrás nas coisas que fez ou deixou de fazer. Pecamos pelo excesso, mas também pela omissão.



E acho que para escrever ‘sobre’ romance o ideal é escrever ‘em forma’ de romance. Destacando apenas que os fatos e personagens aqui descritos são fictícios, qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência.



Pálido. Era como sentia meu coração. Uma pessoa tão intensa como sempre fui, andava vivendo uma serenidade estéril que incomodava. Buscava nas inúmeras amizades momentos de acalento que evitam fazer meu coração parar de vez. E resolvia, mas só como paliativo. Havia meu grupo de amigos do videogame, um clube do bolinha onde nos uníamos para jogar conversa fora, matar uns aos outros na tela da tv ou fazer alguns gols fictícios. Havia um grupo de amigas onde ia para conversar a respeito de relacionamentos, religião, assistir filmes e preparar jantares. Também era divertido.



Era fim de ano, reveillon chegando e surgiu um convite de minha irmã para uma festa em uma cobertura perto da praia. Pelo entusiasmo dela e pelas pessoas interessantes e inteligentes que estavam na lista de convidados me pareceu ser uma excelente opção. Convidei até um amigo que não via há muito tempo, um cantor competente que era exímio na arte do diálogo e diversão.



Mas tinha um porém. Esse porém é que é o centro dessa história. No grupo de amigas dos jantares, havia uma que estava começando a não ser apenas uma amiga, e eu sentia o mesmo interesse da parte dela. O problema vai ser que depois que enviar este email, não poderei voltar atrás, talvez eu esteja gostando de uma outra forma de você, e isso é um problema, acho que se diminuirmos nossos encontros, as borboletas na minha barriga irão ficar quietas, irei morrer de saudades dos cafés da manhã aqui em casa.



E isso realmente é um problema, porque como dito no início, pagamos e recebemos por tudo o que fazemos ou deixamos de fazer. Palavra dita não volta, só se modifica. O que fazer em um caso como esse? Diminuir as visitas? Acabar de vez com as visitas? Aumentar as visitas?



O diálogo é figura central nesse dilema, não dá para imaginar o que vai acontecer sem conversar de verdade e tomar uma decisão. Se uma pessoa lhe convida para sair, não dá para saber se vai ser bom ou não se você não for. A não ser que já tenha ido diversas vezes com essa pessoa e sempre tenha sido ruim ou monótono. E mesmo assim ainda pode estar errado.



Um dos fatos mais limitadores que vivemos é que sempre estamos prontos para dizer não. Desejamos encontrar um amor, mas quando nos convidam para um evento onde este possível amor vai estar, rapidamente encontramos um outro compromisso ou até passamos mal de tão graves que são nossos medos.



Se quer viver um romance, fica a dica: viva um romance. Nem que seja platônico. Não existem romances de faz de conta. Os romances só os são porque são verdadeiros. Não viva vários, porque serão curtos demais e não merecerão o título de romance. Viva um longo, que dê gosto, prazer de relembrar, mesmo das dificuldades e desafios superados, mas que seja intenso o suficiente para virar uma história épica interessante.


Não diga que ama. Ame!

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